BICA
OCUPAÇÃO WR#3

︎︎︎


Sob soberania visual, também podemos gerar imagens do que significa auto-representar outros corpos, humanizando-os em objetos, para construí-los de forma mais imaginativa a partir de nossa própria cosmogonia cultural, cotidiana e doméstica.
Permito-me usar o visual como forma de explicar um evento não-verbalizado.



Esculturas Têxteis
2021, Series:
“Onde não há comida, não há vida”
"If There's Not Food, There Isn't Life".
“Donde No Hay Comida, No Hay Vida”



As mulheres sustentam a pandemia com o trabalho doméstico, o trabalho não remunerado maximizado a horas de trabalho extenuantes e intermináveis na pandêmica COVID-19. Nós mães e não-mães cuidamos e alimentamos nossas famílias na cozinha, um espaço tipicamente associado com o feminino. A relação sujeito-objeto vai além do uso funcional, os utensílios são cuidados e protegidos de uma posição materna, como uma extensão de nossa própria posição, com a qual nos alimentamos, eles se tornam uma parte importante da família.

Destaco este evento na vida cotidiana, da mesma forma que quando intervenho em uma fotografia com bordados. Destaco-o de seu entorno, envolvendo-o em fibras e acrescentando elementos surreais que mostram, neste caso, o valor do alimento, quem o prepara e como eles se relacionam entre si. As mulheres sustentam a pandemia, porque onde não há alimento, não há vida.